A 36ª pesquisa Webshoppers, realizada pela Ebit, apontou que o mercado virtual brasileiro sofreu crescimento de 7,5% em seu faturamento no primeiro semestre de 2017, totalizando um montante de R$ 21 bilhões. O período analisado contabilizou mais de 50 milhões de pedidos de compra que foram realizados por 25,5 milhões de consumidores – indicando uma alta de 10,3% em comparação à mesma faixa de tempo em 2016.
Esse mercado ativo e em constante crescimento chama a atenção dos empreendedores de todos os tipos e, nesse contexto, os industriais não ficam de fora. Mas nem todo mundo tem gostado dessa novidade que tem dado o que falar entre os e-comerciantes. Todavia, essa apreensão por parte da classe pode ser um tiro no pé se o varejista não ficar atento às tendências correlatas que essa novidade traz.
O primeiro aspecto importante em relação ao tema é a sua factualidade: o ocidente adota o sistema capitalista, portanto, a buscas por inovações na hora de se obter lucro são intrínsecas ao sistema. Isso quer dizer que se a indústria está inovando ao ampliar o seu alcance ao mercado virtual, o varejista também precisa inovar – como vem fazendo com o marketplace, atendimento multicanal e até mesmo com o chamado full commerce, em que oferece uma experiência de compra completa ao consumidor.
Portanto, se o varejista pode inovar, porque não estender essa possibilidade às indústrias? Afinal de conta, elas também sofrem os baques promovidos pela constante inovação tecnológica do mercado e, por isso, precisam buscar soluções para alcançar maiores faturamentos também.
O segundo aspecto a ser ressaltado é o questionamento da real inovação trazida com essa tendência. Não é novidade que as indústrias estejam lado a lado com varejistas no mercado físico e se os varejistas estão cada vez mais dominando o ambiente virtuais, parece um fluxo natural que a indústria acompanhe o movimento. Portanto, não há uma inovação real na maneira das indústrias atuarem no mercado, o que se inovou foi o ambiente.
E esse aspecto nos encaminha ao terceiro ponto: com a abertura de lojas próprias das indústrias no mercado físico, o varejista PDV não foi extinto, porque será diferente com o e-comerciante? Adotar a abertura de lojas próprias da indústria é uma maneira de aumentar o faturamento dos industriais, mas isso não significa que essas empresas vão deixar de vender para os varejistas, até porque o volume de vendas que se movimento na opção B2B é bem mais significativa por venda do que a feita diretamente ao consumidor.
Dessa forma, a tendência – que já é uma realidade – das indústrias estenderem a sua atuação para o ambiente virtual não vai atrapalhar o processo de evolução do varejista comum: é fato que a concorrência tende a aumentar por nicho, mas em relação à experiência de compra como um todo o varejista ainda sai a frente ao oferecer catálogos mais variados e uma experiência de compra diferenciada ao consumidor.