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Mulheres e os espaços de poder

Por muito tempo as mulheres estiveram submissas aos homens na história, tendo sua educação voltada para desempenhar funções que fossem úteis para o lar e a maternidade, enquanto os homens exerciam a função de administrar sua família, os negócios e o mundo. Dessa forma, a mulher se encontrou distanciada das funções de prestígio, o que a levou a uma ideologia de desigualdade e sujeição durante séculos. A princípio era negado até o ensinamento a mulheres de como ler e escrever, pois assim elas não teriam fundamento para reivindicar direitos ou mesmo chegariam a questionar estes direitos, continuando a situação de sujeição.

No mundo político esse padrão se manteve, com algumas poucas mulheres que conseguiram quebrar com o padrão ao longo da história, sendo que mesmo hoje, quando vemos mulheres ocupando altos cargos, como de presidência, a representatividade feminina ainda é de pouca força. Muitos atribuem essa realidade à resistência cultural da sociedade em aceitar mulheres em cargos de alta patente.

Nesse contexto, muitos estereótipos – errados – são usados como desculpa como a ideia de que as mulheres são mais sensíveis ou muito duras quando ocupam cargo de importância, como se o comportamento fosse devido ao gênero e não à personalidade individual de cada pessoa. Para se ter uma noção da desigualdade de representação das mulheres no Brasil, podemos comparar a composição do eleitorado do país x quantidade de mulheres eleitas: as mulheres representam mais da metade dos eleitorado brasileiro, mas apenas cerca de 10% do parlamento eleito em 2014.

Para combater esta desigualdade o governo brasileiro instituiu o Programa de Cotas para Mulheres na Política, o qual prevê que: do número total de candidatos lançados por um partido ou coligação no mínimo 30% e no máximo 70% podem ser do mesmo gênero. Isso aumentou a candidatura de mulheres no cenário eleitoral, mas ainda não refletiu aumento expressivo no número de candidatas eleitas mesmo sendo alto o número de eleitoras, já que a cultura dos votantes ainda não se modificou muito.

O Governo Federal também criou a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, que tem o intuito de combater as desigualdades de gênero e promover o fortalecimento e a participação das mulheres dentro dos espaços de poder, como a política.  A intenção da secretaria é quebrar com a cultura de sub-representação feminina frente aos espaços de poder/decisão, buscando incluí-las nos debates também como pessoas que atuam nas mudanças e sua promoção.

Essa sub-representação não é uma particularidade do Brasil, sendo realidade no mundo todo. Até a ONU conta com resoluções que buscam romper com este ciclo no globo através do ONU Mulheres. Importante notar que o aumento da participação feminina dentro da política não é só uma questão de promoção da igualdade, mas também consolidação da democracia como um processo efetivo e realmente plural.

O mesmo acontece com os ambientes empresariais. Quando nos voltamos para as estatísticas nacionais, observamos que mais da metade das empresas brasileiras não possuem mulheres em cargos de liderança, o que coloca nosso país em 3º lugar no ranking da “Women in Business 2015” de países que menos promovem mulheres para funções mais altas. São 57% das empresas nacionais, sem mulheres em cargos de líder no Brasil.

Esses números assustam quando os comparamos com a demografia nacional, a qual aponta que as mulheres são maioria entre os brasileiros e ocupam mais espaço no mercado de trabalho. Todavia, mesmo representando 51,4% da população, segundo dados do IBGE, e estando mais presente no mercado de trabalho as mulheres ainda não alcançam um patamar de representatividade igual ao dos homens.

Essa realidade é reflexo de uma cultura existente no país – e no mundo – de que mulheres não devem ocupar cargo de liderança simplesmente porque são mulheres. Alterar essa realidade é um dever de todos, pois a busca pela igualdade não acontece a menos que haja a quebra com a cultura vigente e empenho real de todo mundo em deixar os estereótipos para trás e olharem as mulheres como pessoas e não como um gênero menos capaz.

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