O mercado brasileiro de lojas virtuais vem amadurecendo nos últimos anos. Como aponta a pesquisa “Tendências do E-commerce Brasileiro 2017”, realizada pela BigData Corp, de 2015 para cá o tempo de vida das lojas online aumentou de 94 para 185 dias, além disso houve um crescimento de 31% na quantidade de e-commerces atuantes no país: são mais de 590 mil lojas virtuais em pleno funcionamento.
Apesar de os números apontarem avanços no mercado eletrônico nacional, ainda é possível observar a fragilidade e efemeridade das lojas online brasileiras. Um dos motivos para tal realidade é falta de preparo dos empreendedores/as que buscam abrir um novo negócio. Nesse sentido, organização e planejamento são características essenciais para quem busca empreender com sucesso e tranquilidade, mas que muitas vezes são deixadas de lado devido a aparente simplicidade de abrir um e-commerce.
Para que a sua empresa não se engane por essa falsa simplicidade é muito importante desenvolver um planejamento financeiro sólido e seguro para o seu e-commerce. Como aponta Lucas Araújo, CEO da SOS Loja Virtual, “Toda empresa deve passar por um processo de planejamento e uma loja virtual não é diferente de uma loja física neste aspecto. Ambas são empresas. Desta forma, a elaboração de um plano de negócios prévio é fundamental para reduzir as chances de mortalidade da empresa, bem como aumentar as de sucesso”.
Marcio Tucunduva, CEO da E-commerce na Prática, complementa que é no plano de negócios em que “serão planejadas todas as áreas da loja como marketing, logística, plataforma dentre outros itens e que irão finalizar com o plano financeiro. É importante conhecer o que será feito em cada área para poder simular as projeções financeiras da forma mais realista possível, com todos os custos fixos e variáveis”. Portanto, o planejamento poderá garantir que a sua empresa obtenha sucesso e se consolide com segurança no futuro.
Por isso é preciso traçar um plano inicial antes da abertura do negócio e um plano de longo prazo, que acompanhará a sua empresa durante o funcionamento da loja e se modificará de acordo com as necessidades encontradas no caminho. Em ambos os planos existem alguns pontos essenciais:
Luiz Munhoz, diretor administrativo do Grupo Afeet, aponta que “um bom planejamento é essencial para tomada de decisão” nesse sentindo “após o levantamento de todas as premissas do negócio e o desenho de estratégias de todos os departamentos, tais como: logística, atendimento ao consumidor, gestão de marketing, gestão comercial, gestão operacional, gestão tributária e gestão financeira, devemos então colocar em prática ferramentas financeiras para modelar o negócio”.
É nessa etapa que a organização complementa o planejamento, pois são muitos dados, informações e variáveis que devem ser levadas em consideração na montagem e gestão de uma empresa. Munhoz exemplifica a situação: “para mensurarmos o retorno de investimento é necessário a definição de algumas premissas, são elas: projeções de receitas, projeções de custos (fixos e variáveis) e investimentos. Com a definição das premissas vamos construir o modelo para analisar alguns indicadores de tomada de decisão. VPL (Valor Presente Líquido), indicador que mensura quanto o fluxo de caixa livre acumulado da sua projeção total valeria hoje, descontando o custo de capital (taxa de desconto). TIR (Taxa Interna de Retorno), esse indicador mensura o retorno percentual do fluxo do projeto, ou seja, esse indicador pode ser comparado com outros investimentos (poupança, cdi etc.). PAYBACK (retorno de capital), momento o qual o fluxo do projeto deixa de ser negativo e passa a ser positivo, ou em quanto tempo (meses ou ano) o fluxo do projeto pagou o investimento do mesmo.”
Como se pode notar, são muitos aspectos a serem considerados e para que todas essas informações se mantenham organizadas, Munhoz afirma que “é muito importante acompanhar o andamento das suas operações pós-abertura da loja com ferramentas como DRE (Demonstrativo dos Resultados do Exercício) e fluxo de caixa para avaliar e acompanhar se o modelo de viabilidade foi bem projetado”. Uma dica dada por Marcio Tucunduva para uma boa gestão financeira de e-commerce é utilização de um ERP – Sistema de Gestão Online – na hora de gerir as contas.
Miguel Damasceno, CEO da Alternativa Sistemas, aponta que o ERP auxilia os gestores no planejamento financeiro “através de demonstrações como fluxo de caixa e estatísticas de venda. Com o ERP o empreendedor possui a informação de margem de lucro de cada produto e também o lucro médio” tornando o planejamento mais simples e organizado.
De qualquer modo, se você pretende abrir um e-commerce ou já possui uma loja virtual, ter um planejamento financeiro atual e organizado pode garantir que a sua empresa obtenha um futuro de sucesso e possa expandir cada vez mais. Portanto, não deixe aplicar a ideia ao seu modelo negócio!