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Dezembro Vermelho: tire suas dúvidas sobre a AIDS

Dezembro-Vermelho-tire-suas-duvidas-sobre-a-AIDS-Alternativa-Sistemas Dezembro Vermelho: tire suas dúvidas sobre a AIDS

Em seu livro “A doença como metáfora”, Susan Sontag aponta como diversas doenças carregaram pesados estereótipos ao longo da história da humanidade, aumentando ainda mais os encargos vivenciados pelos enfermos: além de lidar com o mal estar físico, os adoentados precisavam lidar com o mal estar psicológico que a sociedade lhes imputava.

E se tem uma doença contemporânea que exemplifica bem essa situação é a AIDS, sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Os primeiros casos documentados de AIDS surgiram na década de 80 nos Estados Unidos, Haiti e África Central. Junto com a descoberta da doença, surgiu uma interpretação – que contaminava o senso comum e o especializado – de que as pessoas afetadas pela enfermidade eram imorais e transgressoras dos padrões “corretos” institucionalizados na sociedade.

A estereotipação da doença era tão forte em todo o mundo que sua primeira alcunha foi de “Doença dos 5H”: homossexuais, hemofílicos, haitianos, heroinômanos (usuários de heroína) e hookers (prostitutas em inglês).

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[FOTO: Manchetes históricas Fonte: Fiocruz e Superinteressante]

Com o passar dos anos, aumento da conscientização acerca da doença e até mesmo os avanços no campo da saúde, tais preconceitos passaram a ser mitigados na sociedade, embora não tenham desaparecido por completo. Por isso, ainda hoje é importante que falemos sobre o tema, como aponta o Profº Jorge Luiz Santos – infectologista e docente do ambulatório de DST/AIDS da Faculdade de Medicina da Unifran – “desde o início das terapias de tratamento de AIDS, as campanhas esclarecem a importância do diagnóstico precoce e seu melhor tratamento, também conscientizam a população das formas de transmissão. Só assim, com consciência de todos nas formas de prevenção conseguiremos eliminar a AIDS”.

De forma resumida, pode-se caracterizar a AIDS como uma doença que enfraquece o sistema imunológico do indivíduo, lhe deixando vulnerável ao aparecimento das chamadas “doenças oportunistas”, que vão desde um simples resfriado até infecções mais graves como a tuberculose ou o câncer. O surgimento da doença se dá pela infecção pelo vírus HIV, mas é importante ter em mente que nem todo mundo que tem o HIV em seu organismo desenvolve a AIDS, ou seja, a pessoa pode ser soropositiva e viver anos sem desenvolver a doença.

Juliane Andrade – coordenadora do Programa de DST/AIDS de Botucatu – explica que “o HIV é o vírus que causa a doença AIDS, que afeta o sistema imunológico das pessoas, mas muitas vezes os sintomas da AIDS demoram a aparecer. Assim a pessoa com o vírus, mesmo não doente, transmite a doença tendo relação sem preservativo. Por isso a importância de realizar o teste”.

O Profº Jorge complementa a ideia apontando a importância de conhecermos as formas de transmissão do HIV como a “exposição sexual através do uso incorreto de preservativo ou mesmo o não uso de proteção, compartilhamento de seringas e acidentes biológicos” como a transfusão sanguínea.

Além de conhecermos as formas de prevenção, é relevante saber que o tratamento para AIDS hoje é possível, ainda que a doença não alcance a cura. Juliane afirma que a “doença tem tratamento ofertado gratuitamente, mas não tem cura. Hoje, se a pessoa fizer o tratamento corretamente terá qualidade de vida”.

O Prof. Jorge Luiz explica que “a terapia antirretroviral de alto nível consegue controlar totalmente a infecção pelo HIV, trazendo uma ótima qualidade de vidas aos pacientes, com poucos efeitos colaterais e sem doenças oportunistas. Tornando a AIDS uma doença crônica, controlável”.

Apesar de essa realidade ser muito positiva, a possibilidade de tratamento tem causado um efeito sociológico adverso entre os jovens, nas palavras do Profº Jorge “a juventude enxerga [a AIDS como] uma doença controlável, inclusive com esquemas profiláticos após exposições sexuais de risco, o que acaba ‘banalizando’ de forma equivocada a doença”.

Por conta dessa banalização da doença que é tão importante “promover o acesso ao teste e ampliar o número de pessoas que conheçam seu status sorológico”, pois “a testagem é a porta de entrada nesta cadeia de ações de prevenção, tratamento e cuidado”, segundo Juliane. A coordenadora ainda lembra que a AIDS “permanece entre as cinco principais causas de morte no estado [de São Paulo]”, por conta disso devemos ajudar nas campanhas de prevenção. Então aproveite este momento para compartilhar este texto em suas redes sociais e nos ajude a promover a campanha!

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